Produção de minério de ferro na Bahia: falta de infraestrutura de transporte impede desenvolvimento de 3 projetos

Entrada em operação do sistema Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL)/Porto Sul resolveria o problema

Por Conexão Mineral 12/09/2017 - 16:46 hs
Foto: CBPM

A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) divulgou uma análise sobre os projetos de minério de ferro no Estado e de como a falta de infraestrutura adequada para transporte está impedindo seu desenvolvimento. O potencial dos recursos existentes chega a quase 21 bilhões de toneladas.

Leia a seguir a íntegra do estudo e confira na Galeria de Imagens logo abaixo as informações complementares.


Distritos e ocorrências de minérios de ferro da Bahia

Nos últimos anos a CBPM, empresa de desenvolvimento mineral da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, fez uma análise criteriosa de todos os distritos e/ou áreas de ocorrências de mineralizações ferríferas no Estado da Bahia, com vistas a identificar suas potencialidades em função do novo quadro mundial de suprimento de minério de ferro.

Processos para minério de ferro 

Em junho de 2017 existiam ativos no DNPM 9.433 processos para minério de ferro em todo Brasil com 2.935 áreas na Bahia. A CBPM detém cerca de 380 desses processos, inseridos em Contratos de Pesquisa Complementar e Promessa de Arrendamento de Direitos Minerários, assinados com empresas privadas.

Mineralizações ferríferas na Bahia

As mineralizações ferríferas na Bahia estão distribuídas por todo Estado, porém merecem destaques, alguns agrupamentos de depósitos de médio e grande porte que foram, a partir das suas localizações regionais, assim classificados:

1) Distrito do Sudoeste da Bahia (Depósitos de Caetité-Brumado).

2) Distrito do Médio São Francisco (Depósitos de Sento Sé-Remanso).

3) Distrito Sudeste da Bahia (Depósitos de Iguaí-Jequié).

4) Distrito do Recôncavo (Depósitos de Coração de Maria-Conceição do Jacuípe).

5) Distrito do Norte da Bahia (Depósitos de Campo Alegre de Lourdes).

Tipos de depósitos

Pela dimensão e qualidade dos seus recursos destacam-se os Distritos do Sudoeste (Caetité/Brumado) e do Norte da Bahia (Remanso/Sento Sé), com grandes tonelagens, superiores a 9,0 Bt, respectivamente. Ambos apresentam minérios com teores médios, entre 35% a 45% de Fe, podendo alcançar, níveis expressivos com, teores de 50% a 67% de Fe, principalmente nos depósitos de Caetité/Brumado e Colomi Sul. Estes depósitos estão relacionados a espessas unidades de itabiritos associados a sequências vulcanossedimentares. Minérios de baixos teores (<30% de Fe), geralmente anfibolíticos e compactos a semi-compactos, também se fazem presentes, principalmente nos depósitos do Colomi Norte (Remanso) e de Coração de Maria, no Recôncavo Baiano.

Perspectiva de produção de minérios de ferro na Bahia

Apesar deste expressivo volume de minérios de ferro, a implantação de projetos para sua explotação esbarra, principalmente, na ausência ou insuficiência de infraestrutura e logística para produzir e movimentar da mina ao porto, grandes volumes (>5Mt/ano) de concentrados e/ou minérios de ferro.

A Bahia tem pelo menos três projetos no Distrito Sudoeste, prontos e/ou em desenvolvimento, para entrarem em produção (Pedra de Ferro, Lagoa Real e Brumado) os quais estão dependendo, quase que exclusivamente, da entrada em operação do sistema Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL)/Porto Sul. Projetos relacionados a outros depósitos da região como os de Boquira, Urandí, Paratinga e Espirito Santo, poderão, também ser alavancados com a implantação do sistema FIOL/Porto Sul.

Ainda em sinergia com o sistema FIOL/Porto Sul destacam-se os depósitos do Distrito Sudeste (Iguaí/Jequié) com recursos totais avaliados em 660 Mt dispersos em mais de duas dezenas de depósitos de pequeno e médio porte. Alguns possuem minérios de alto teor apropriados para a produção de granulados tipo Direct Shipping Ore (DSO) e Sínter Feed podendo ensejar a produção de ferro gusa ou produtos mais nobres como ferro de redução direta (DRI), ferro esponja, ferro fundido nodular ou ligas de qualidades especiais uma vez que a região, além de infraestrutura e logística, dispõe de suprimento de gás natural e carvão vegetal proveniente de grandes áreas de reflorestamento.