Águas Prata faz homenagem ao descobridor da sua mina

Rufino de Castro Gavião, nascido em 1823, em Cabo Verde (MG), próximo da cidade de Águas da Prata (SP), ultrapassou as barreiras de uma época pré-abolição da escravatura

Por Conexão Mineral 05/05/2021 - 14:16 hs
Foto: Gustavo Abud/Águas Prata
Águas Prata faz homenagem ao descobridor da sua mina
Rufino de Castro Gavião faleceu em 1898 e não chegou a ver a grandiosidade que sua descoberta teve

Durante um longo processo de investigação sobre a história da mina que deu origem à Águas Prata, referência nacional de qualidade em água mineral, a empresa e o médico e historiador Rodrigo Falconi tiveram o primeiro contato. Falconi, que sempre viajou pela região de Poços de Caldas (MG), se deparou com a fábrica e instantaneamente pensou que todo aquele espaço poderia ser usado para homenagear o responsável pela descoberta das águas minerais dali, Rufino de Castro Gavião. “Entrei em contato e a equipe recebeu muito bem a ideia. Em um momento tão difícil para o mundo, nada melhor do que prestar homenagem a um personagem tão importante e ainda deixar um presente para a bela cidade que já foi conhecida como ‘Vichy brasileira’”, comenta Falconi. Com muita pesquisa em bibliotecas, livros, jornais antigos e com a ajuda de Falconi, a equipe da Águas Prata conseguiu mergulhar fundo em sua história e deixá-la mais cristalina. 

Como tudo tem um começo, a do descobrimento da mina que levou mais tarde à criação da empresa, está diretamente ligada à vida de Rufino de Castro Gavião. Nascido em 1823, em Cabo Verde (MG), próximo da cidade de Águas da Prata (SP), ele ultrapassou as barreiras de uma época pré-abolição da escravatura e trabalhou como alfaiate, dentista, curador – já que a região não tinha médicos –, secretário e vereador de São João da Boa Vista (SP), também na região. Praticante de caça, Rufino caminhava atrás de animais na Fazenda do Alegre, quando, com sede, bebeu de um filete de água que descia da serra, de onde os animais também estavam se refrescando. Seguiu acompanhando a correnteza e percebeu que, passando sobre as pedras, a água deixava um depósito de sal. Começou então a frequentar o local como uma espécie de retiro e constatou que, depois de um tempo, não sentia mais indisposições de estômago, que antes eram frequentes. Rufino espalhou a notícia e os engenheiros que trabalhavam na construção da Estrada de Ferro Mojiana e os colonos da fazenda passaram a beber da água e seus benefícios.  

Rufino faleceu em 1898 e não chegou a ver a grandiosidade que sua descoberta teve. Apenas na década de 1910, um laboratório de São Paulo foi até a região e, após análise, verificou que a água alcalina dali tinha mineralização semelhante à de Vichy, na França. As nascentes foram localizadas e um contrato de arrendamento para uma empresa privada foi feito pelo prazo de 25 anos, a partir de 1913, podendo explorar comercialmente as águas. Posteriormente, os novos concessionários, Alves & Azevedo, difundiram a venda da água engarrafada para todo o país. Diante das descobertas históricas, a Águas Prata teve certeza de que Rufino deveria ser o homenageado no mural. O projeto também é uma entrega para a cidade e uma maneira de difundir a vida desse homem tão importante para a região. Além disso, a empresa espera fomentar a cultura e turismo locais. 

Para realização do mural de 187m2, foi escolhido o grafite, uma expressão de arte moderna, que dialoga com o passado e presente. Os elementos misturam a fauna através do tucano, o verde da natureza e o azul da água. Para realização, foram convidados os artistas plásticos Cusco Rebel e Ricardo Braga. “Conhecer a história do Rufino e receber a missão de participar dessa homenagem foi emocionante. A região me conquistou pela energia, visual, pessoas e tudo isso foi inspiração para criar”, contou Cusco Rebel. “O contato com todo passado, trabalhar com os envolvidos e receber o retorno das pessoas da cidade com certeza foi uma grande experiência pessoal e profissional”, completa Braga. 

O grande mural foi pintado na fábrica da Águas da Prata (Rua Durval Marcolino, s/n), no Centro da Cidade de Águas da Prata (SP), e pode ser visitado gratuitamente.