Amarillo Gold começará a construção de Mara Rosa no terceiro quadrimestre

Projeto está em fase de engenharia detalhada, com uma previsão estimada de implantação de 18 a 24 meses, e contará com a primeira estação modular FIT da Metso Outotec para britagem e peneiramento

Por Conexão Mineral 21/05/2021 - 13:41 hs
Foto: Amarillo Gold
Amarillo Gold começará a construção de Mara Rosa no terceiro quadrimestre
Arão Portugal, country manager da Amarillo Gold

O projeto de ouro em Mara Rosa (GO), com reservas descobertas ainda nos anos 1980 pela BHP, atualmente está em ritmo acelerado de implantação pela Amarillo Gold. Com investimento de, aproximadamente, R$ 600 milhões, Posse Gold está em fase de engenharia detalhada, com início de implantação programada para o terceiro quarter de 2021 e previsão estimada de construção de 18 a 24 meses.

Recentemente, a empresa adquiriu da Metso Outotec a primeira estação de britagem e peneiramento modular FIT, mais um importante passo para o cumprimento do cronograma do projeto. “O objetivo da Amarillo é construir uma operação moderna e sustentável com tecnologia embarcada. A estação de britagem FIT da Metso Outotec cumpre as metas ambiciosas desse projeto”, conta Arão Portugal, country manager da Amarillo Gold, que conversou com Conexão Mineral sobre a situação atual dos trabalhos, custos estimados para a produção, próximas etapas para a abertura da mina, as ações desenvolvidas junto à comunidade local e projetos futuros da mineradora. 

Para conhecer os detalhes técnicos da nova estação modular de britagem FIT da Metso Outotec leia também a entrevista com Fausto Rezende, diretor de Equipamentos para Mineração da empresa (link no final do texto).

Conexão Mineral – Como a Amarillo Gold chegou até o projeto Mara Rosa e qual é o seu diferencial para que ele seja viabilizado?

Arão Portugal – As reservas foram descobertas pela BHP nos anos 1980, e o projeto operado pela Western Mining na década de 1990. Em 1998, foi vendido para a Metallica e comprado pela Amarillo em 2004. O projeto Mara Rosa (Mina de Posse) da Amarillo Gold teve início em 2005 e, como todo empreendimento de mineração, tem processos de longo prazo. Passou pelas etapas pesquisa, licença prévia e mais recentemente, no início de fevereiro de 2021, recebeu a sua LI (Licença de Instalação) para início da construção. O diferencial deste projeto está na concepção de processo standard para beneficiamento do minério de ouro e não possuir barragem de rejeito, com a implantação do sistema de empilhamento de rejeitos a seco (dry stacking).

Conexão Mineral – Poderia falar um pouco sobre como o projeto se insere na região e dos benefícios que deverá gerar para a economia local e em termos de impostos?

Arão Portugal – A Amarillo recebeu a Licença Preliminar (LP) para implantação do projeto em 2016 e realizou, em fevereiro daquele mesmo ano, uma audiência pública, reunindo mais de 650 pessoas. Desde então, a comunidade de Mara Rosa está ansiosa pela chegada do empreendimento, que irá gerar 700 empregos diretos e 2 mil indiretos na fase de construção, com um investimento total de aproximadamente R$ 600 milhões. Na fase de operação, está prevista a geração de 500 empregos diretos e 3.000 indiretos durante toda vida da mina. A Amarillo está investindo nos fornecedores locais para que possam participar mais do processo de investimento, gerando emprego e renda. Já foi implantado o Programa Desenvolvimento de Fornecedor (PDF) juntamente com a Associação Comercial de Mara Rosa e um programa de formação e qualificação de mão de obra para os moradores das cidades na área de influência do projeto.

Conexão Mineral – Quais são as fontes de financiamento do projeto?

Arão Portugal – A empresa está listada na bolsa de Toronto no Canadá, onde tem suas ações negociadas, e há fonte de investimento no mercado, investidores, fundos e bancos.

Conexão Mineral – Qual é a vida útil estimada para a mina?

Arão Portugal – Um estudo de viabilidade definitivo divulgado em junho de 2020 mostrou uma vida útil estimada em cerca de 10 anos, podendo ser postergada com o avanço das pesquisas.

Conexão Mineral – Poderia falar um pouco mais sobre as características e volumes da reserva?

Arão Portugal – O projeto Mara Rosa (Mina de Posse) compreende uma mina com minério de ouro a céu aberto, reserva de 902 mil onças de ouro contidas e 811 mil onças de ouro recuperadas, baseadas em 24 milhões de toneladas com classificação de 1,18 g/t, e recurso de 1,2 milhão de onças de ouro contidas, em 32 milhões de toneladas, com classificação de 1,1 g/t. O programa de exploração regional recentemente concluído mostrou o potencial para expandir os recursos de Mara Rosa em um trend de 10 km em Posse Norte.

Conexão Mineral – Existe alguma dificuldade técnica a ser vencida pelas características geológicas da reserva? 

Arão Portugal – Hoje, não existem dificuldades a serem vencidas. A geologia está consolidada por meio de um programa de pesquisa em mais de 10 anos com um grande investimento em sondagem.

Conexão Mineral – Quanto a Amarillo investe em exploração geológica?

Arão Portugal – A Amarillo investiu mais de R$ 30 milhões em sondagem e outras atividades no projeto Mara Rosa (Mina de Posse), especificamente para pesquisa mineral.

Conexão Mineral – Já foi iniciada a abertura da mina?

Arão Portugal – A mina ainda não está em operação. A Amarillo aguarda a licença da SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás) para início do pre striping. Por ter sido uma mina no passado, a Amarillo já é detentora da portaria de lavra, emitida pelo ANM, o que torna o início de operação muito mais ágil. 

Conexão Mineral – Qual será o método de lavra? 

Arão Portugal – A operação é um open pit em bancadas. Os equipamentos serão padrão em mineração tipo céu aberto, caminhões 8x4, escavadeiras, tratores, carregadeiras, moto niveladoras etc.

Conexão Mineral – Qual é o ROM previsto?

Arão Portugal – Aproximadamente 24 milhões de toneladas.

Conexão Mineral – A lavra será operada com equipe própria ou terceirizada?

Arão Portugal – A operação da mina será efetuada por equipe terceirizada e especializada em operação de mina a céu aberto, porém o planejamento de mina a curto, médio e longo prazo será de responsabilidade da Amarillo.

Conexão Mineral – Foi construída alguma planta-piloto para testes?

Arão Portugal – Todos os testes foram feitos em laboratórios especializados, inclusive fora do País, na Austrália.

Conexão Mineral – Qual é a situação atual da implantação do empreendimento?

Arão Portugal – O projeto da Amarillo está em fase de engenharia detalhada, com previsão de início de implantação para o terceiro quarter de 2021, com uma previsão estimada de construção de 18 a 24 meses. 

Conexão Mineral – Quantas pessoas estão envolvidas no projeto atualmente? 

Arão Portugal – Durante a fase de engenharia detalhada e início da infraestrutura do empreendimento, estão envolvidas aproximadamente 50 pessoas. Para o pico da obra, estão previstas até 800 pessoas.

Conexão Mineral – Poderia falar um pouco sobre a parte de obras civis necessárias e as empresas envolvidas na construção?

Arão Portugal – A parte civil está dividida em 3 fases: Infraestrutura, Concreto e Arquitetura, mas ainda não há definição sobre qual ou quais empresas estarão envolvidas nesta construção, pois ainda não concluímos a engenharia detalhada.  

Conexão Mineral – Quando será iniciado o ramp up da planta? 

Arão Portugal – A Amarillo está estimando atingir a produção comercial 3 meses após início do start up, neste momento, previsto para segundo semestre de 2023.

Conexão Mineral – E quais serão as características da planta?

Arão Portugal – 2 Moinhos de bola de 19x28, espessador, 4 filtros prensa (filtragem de rejeito). Planta CIL. Sistema de britagem modular FIT, sendo a primeira empresa a utilizá-lo no Brasil. 

Conexão Mineral – O que levou a mineradora a adquirir os equipamentos da Metso Outotec?

Arão Portugal – O objetivo da Amarillo é construir uma operação moderna e sustentável com tecnologia embarcada. A estação de britagem FIT da Metso Outotec cumpre as metas ambiciosas desse projeto. 

Conexão Mineral – A mineradora também adquiriu pacotes de manutenção ou realizará os serviços com equipe própria?

Arão Portugal – Ainda não está definido este modelo, mas a previsão é que a manutenção (preventiva e corretiva) seja feita com equipe própria.

Conexão Mineral – A planta CIL terá algum diferencial? 

Arão Portugal – É uma planta padrão.

Conexão Mineral – Qual é o cronograma de entrega dos equipamentos planta? Alguma dificuldade logística para receber os equipamentos?

Arão Portugal – 90% ou mais dos equipamentos utilizados no projeto serão adquiridos no Brasil – existem cargas especiais que deverão ter um bom projeto logístico.

Conexão Mineral – A automação deverá ser incorporada futuramente?

Arão Portugal – O processo de automação fará parte da engenharia detalhada desde o primeiro momento.

Conexão Mineral – Quais são os principais diferenciais dos sistemas adquiridos do ponto de vista técnico e também ambiental?

Arão Portugal – Todas as aquisições para o empreendimento são analisadas do ponto de vista técnico, de segurança e ambiental. Os grandes diferenciais do projeto: o sistema de filtragem de rejeito, o sistema de britagem FIT da Metso Outotec, primeiro do Brasil. 

Conexão Mineral – A filtragem de rejeitos já fazia parte do projeto original?

Arão Portugal – Não. Inicialmente, ele foi concebido com barragem de rejeitos. Durante a discussão do projeto, no entanto, a Amarillo decidiu pela alteração, incluindo o sistema de filtragem de rejeito. Uma decisão importante, mesmo onerando o custo do empreendimento, mas que tínhamos certeza ser a melhor opção. A Mina de Posse é um dos primeiros “green field” da região, já iniciando o projeto sem barragem de rejeitos, conferindo mais segurança e compromisso com o meio ambiente, por meio da tecnologia dry stacking, de empilhamento a seco, que utiliza menos água nova durante o processo mineral.

Conexão Mineral – Os custos de produção devem oscilar em qual faixa? Se posicionam na média mundial?

Arão Portugal – O estudo de viabilidade definitivo mostrou que o projeto produzirá ouro a um custo de US$ 656 por onça, com base no preço do de US$ 1.730/onça e dólar cotado a R$ 5,30.

Conexão Mineral – Em relação aos funcionários, qual o percentual já contratado? E qual percentual é de moradores da região? 

Arão Portugal – Atualmente, são 40 empregados contratados, representando aproximadamente 6% do quadro operacional para empregos diretos. O objetivo da Amarillo é ter até 75% de empregados da área de influência do projeto, e estamos trabalhando forte para formação e qualificação de mão de obra local.

Conexão Mineral – Algum projeto de capacitação de mão-de-obra local?

Arão Portugal – Sim, a Amarillo está investindo forte nesta área e já está desenvolvendo seu programa de capacitação da mão de obra local. Estamos oferecendo cursos de formação e qualificação, em especial, para os municípios de Mara Rosa e Amaralina para que essas pessoas estejam capacitadas para preencher futuras vagas de emprego, durante a construção, na operação e em outras empresas da região. Para isso, a companhia inaugurou um Centro de Seleção e Treinamento em Mara Rosa e, desde janeiro, já realizou diferentes cursos. Entre eles, Operação de Motosserra, Retroescavadeira e Caminhão Basculante, Pintor, Carpinteiro, Armador, Construção e Reformas, entre outros. Até outubro de 2021, a previsão é formar mais de 500 novos profissionais, e nós já alcançamos 50% da meta.

Conexão Mineral – A comunidade local está apoiando o projeto?

Arão Portugal – A comunidade local está ansiosa pela chegada do empreendimento e respondendo bem a todos os chamados da Amarillo. Desde as inscrições para os cursos profissionalizantes até a participação empresarial no PDF (Programa de Desenvolvimento de Fornecedores) e no PROCEM (Programa de Certificação de Empresas), que visa levar as lideranças empresariais locais por uma jornada de melhorias em seus processos de gestão. 

Conexão Mineral – O fato da mineração de ouro ser muitas vezes associada a danos ambientais provocados pelos garimpos ilegais chegou a gerar  algum receio na comunidade?

Arão Portugal – A Amarillo buscou, desde o início do relacionamento com a comunidade local, e principalmente na audiência pública de 2016, deixar bastante claro o seu compromisso com o meio ambiente e com as pessoas, ser transparente e construir uma imagem positiva. Levou informações a respeito da adoção das melhores práticas para redução do consumo de recursos naturais, do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) e da ausência de barragem de rejeitos. 

Conexão Mineral – Em relação à obtenção das licenças, alguma dificuldade ainda a ser vencida?

Arão Portugal – Goiás é um Estado amigável com a mineração, e o Governo tem apoiado as iniciativas de investimentos. A SEMAD tem sido muito acessível e feito um excelente trabalho. A Amarillo, por sua vez, direciona todos os esforços para cumprir com sucesso cada etapa e fase de maturação do empreendimento. Tudo para que o Projeto Mara Rosa seja implantado com base na sustentabilidade, social, econômica e ambiental, gerando emprego e renda à população. E as licenças têm sido conquistadas dentro do prazo esperado. 

Conexão Mineral – Qual é a situação atual do projeto em Lavras do Sul? Qual o cronograma de implantação?

Arão Portugal – Lavras do Sul está em uma etapa ainda de exploração mineral, com área de exploração circunscrita em 22 alvos, em 10km quadrados, e alguns processos burocráticos ainda estão pendentes. Nesta primeira fase, estamos focando no projeto Mara Rosa. A partir do início da construção de Mara Rosa, vamos nos dedicar em tempo integral a Lavras do Sul, onde acreditamos no potencial da região. 

Conexão Mineral – A Amarillo pretende ter outros projetos além desses dois? O foco é exclusivamente ouro ou está aberta a outras possibilidades?

Arão Portugal – A Amarillo é uma empresa com foco em ouro e sempre estará aberta a novas oportunidades, seguindo essa vocação da empresa.

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