Desafios seguem com piora no cenário externo

Análise dos setores de siderurgia e mineração realizada por Inter Research

Por Conexão Mineral 13/10/2021 - 17:01 hs
Foto: Banco Inter
Desafios seguem com piora no cenário externo
Dados da análise Inter Setores: Siderurgia e Mineração - Out/21

Por Gabriela Cortez Joubert*

Se agosto foi um mês difícil para o setor, setembro não foi diferente. O cenário externo teve forte piora na aversão ao risco o que contribuiu para que o sentimento de pessimismo contaminasse os países emergentes, em especial as empresas de commodities. Somou-se a isso o caso Evergrande, que colocou em pauta a saúde financeira do setor imobiliário chinês com posteriores novos casos de grandes, médias e pequenas incorporadoras divulgando ao mercado incapacidade de honrar com seus débitos. Ainda, sinais de que as pressões inflacionárias nas principais economias possam não ser transitórias, forçam Bancos Centrais a adotarem medidas mais contracionistas a partir de agora, o que poderia arrefecer o crescimento econômico esperado para o próximo ano.

As commodities metálicas sentiram mais uma vez o forte impacto das notícias desfavoráveis na China e o minério de ferro 62% (MF62) ficou em média de US$ 120/t em setembro, 25% abaixo da média de agosto. Contudo, após a queda exagerada, nas primeiras semanas de outubro já observamos certa recuperação e a commodity operava na casa dos US$ 130/t, patamar ainda muito favorável às mineradoras, o que, em nossa opinião, permite margens bem confortáveis e boa geração de caixa. Os prêmios de qualidade entre o MF65 e MF62 também cederam em setembro, mas recuperaram em outubro, ficando em torno de US$20/t. Os estoques nos portos chineses fecharam o mês estáveis, em torno de 117 mt.

Falando um pouco mais de China, a produção siderúrgica totalizou o mês de agosto (último dado disponibilizado pela WSA) em queda de 4% ante julho e contração de 12% ante o mesmo período do ano passado. A indústria automotiva no país segue encolhendo, com produção e vendas caindo 18% e 17% no mês contra o mesmo mês de 2020, impactada pela escassez de insumos em nível global. O consumo aparente de aço no país também arrefeceu e recuou 3,6% m/m e 15% a/a. A crise no setor imobiliário no país também contribuiu para o sentimento negativo na confiança e o PMI Manufatura ficou em 49,6 pts em setembro, enquanto o Caixin subiu para 50 pts, ficando na linha d’água entre contração e expansão. O frete marítimo segue como o grande vilão e na última medição bateu US$ 38,5/t, ante média de US$ 17,4/t nos últimos três anos.

Desde o início de 2021, a alta já é de mais de 123%, reflexo da crise do transporte marítimo que temos visto nos mercados internacionais, em razão da escassez de contêineres para transporte.

Com a queda expressiva nos preços das commodities, vimos leve queda em alguns produtos de aço como BQ e sucata nos Estados Unidos que tiveram queda de 2,3% e 4,6% m/m, respectivamente, o que traz certo alívio para a cadeia.

Entretanto, o Índice de Aço US seguiu em alta, de 5,5% m/m, enquanto vergalhão na Turquia ficou estável. Já na China, o preço do vergalhão subiu 10% no mês.

Aqui no Brasil, o segmento de veículos segue impactado pela crise internacional de semicondutores e dados da Fenabrave mostraram que foram emplacados 281.054 veículos no país, queda de 4,4% m/m e 14,4% a/a, uma vez que neste mesmo período em 2020 a indústria retomava a todo vapor. Uma vez mais, a maior queda ficou por conta de autos e leves, que recuaram 10% m/m e 28% ante setembro do ano passado. Já o emplacamento de caminhões apesar da queda mensal de 8,6% m/m, ainda sobe 56,6% a/a. De acordo com a Anfavea, as vendas de veículos totais em setembro somaram 155 mil unidades, queda de 10% m/m e -25% a/a, apesar de ainda vermos evolução de 15% no acumulado de 2021 ante 2020. A produção de caminhões segue avançando bem, com alta de 59% a/a, apesar da queda de 10% ante o mês imediatamente anterior. Já a produção total de veículos subiu 5,6% em setembro, mas teve queda de 21% ante o mesmo mês de 2020.

A produção nacional de aço bruto somou 3.149 kton em agosto (último dado disponível), de acordo com o IABR, em alta de 4,7% ante julho e +16,4% acima do mesmo mês em 2020. No acumulado do ano, o avanço foi de 22%. A produção de aços planos e longos também avançou 4,9% e 1,7% m/m, respectivamente. O Consumo Aparente somou 2.340 kton, queda de 1% m/m, mas alta de 26% a/a, com saldo acumulado em 2021 de 18.705 kton, expansão de 43% ante 2020.

(*) Por Gabriela Cortez Joubert, do Banco Inter. Para ter acesso à íntegra do Inter Setores: Siderurgia e Mineração - Out/21 clique aqui e será direcionado.