Mineradoras paralisam operações em áreas afetadas pelas chuvas intensas em Minas Gerais

Por Conexão Mineral 10/01/2022 - 20:48 hs
Foto: Via 0-40
Mineradoras paralisam operações em áreas afetadas pelas chuvas intensas em Minas Gerais
Rodovia BR-040 em Minas Gerais foi tomada pela lama após dique da barragem da Vallourec transbordar

As mineradoras que atuam em Minas Gerais estão enfrentando uma série de dificuldades por conta das chuvas intensas na região. A Vale informou hoje que paralisou parcialmente a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e produção dos Sistemas Sudeste e Sul visando garantir a segurança dos seus empregados e comunidades e em razão do nível elevado de chuvas que atingem Minas Gerais. 

No Sistema Sudeste, a EFVM foi paralisada no trecho Rio Piracicaba - João Monlevade impedindo o escoamento do material em Brucutu e no complexo de Mariana, que estão com a produção suspensa. O trecho Desembargador Drummond - Nova Era também está paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira. 

No Sistema Sul, em função da interdição de trechos das rodovias BR-040 e MG-030, da segurança de circulação de empregados/terceiros e da infraestrutura da frente de lavra das minas, a produção de todos os complexos está temporariamente paralisada. 

Segundo a mineradora, ela está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas. 

A Vale segue acompanhando o cenário de chuvas em Minas Gerais e monitorando suas barragens, 24 horas por dia, em tempo real, por meio dos Centros de Monitoramento Geotécnicos. A Vale ressalta que não houve alteração do nível de emergência em nenhuma de suas estruturas, que são acompanhadas permanentemente por inspeções, manutenções, radares, estações robóticas, câmeras de vídeo e instrumentos, como piezômetros manuais e automáticos. 

O Sistema Norte segue operando conforme o plano de produção, que considera o impacto sazonal do período chuvoso em todas as operações e a Vale reitera seu guidance de produção de 320-335 Mt para 2022. 

CSN Mineração suspende operação  

A CSN Mineração e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informaram hoje também que,  devido às intensas chuvas registradas na região Sudeste do Brasil nos últimos dias, as operações de extração e movimentação na mina Casa de Pedra foram temporariamente suspensas, com expectativa de retorno das atividades nos próximos dias. Ainda em razão das chuvas,  a operação portuária de carregamento de minério no Terminal de Carvão – TECAR. no porto de Itaguaí (RJ) também está suspensa em virtude do alto grau de umidade verificado no local. 

Segundo as empresas, elas tomarão todas as medidas necessárias para a manutenção de sua operação, respeitando os cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades, e esperam a retomada gradual das atividades assim que as condições climáticas permitirem. 

Vallourec informa que barragem não rompeu

A Vallourec informa que não houve rompimento de barragem em sua unidade Mineração. Em função das chuvas excessivas dos últimos dias houve um carreamento de material sólido da pilha Cachoeirinha para o Dique Lisa, localizado em Nova Lima, ocasionando o transbordamento desse dique, que fica próximo à BR 040.  

O dique em questão é uma estrutura de contenção de águas pluviais e não se trata, portanto, de uma barragem de rejeitos de mineração. A empresa ressalta, ainda, que o maciço se encontra íntegro e não houve rompimento da estrutura. 

Em decorrência desse transbordamento e em conformidade com o PAEBM as sirenes foram devidamente acionadas, na manhã deste sábado (8/1), às 10h31. Como consequência, a BR 040 foi interditada de imediato, pela administradora da rodovia.  

A empresa já acionou os órgãos competentes e está trabalhando em conjunto com as autoridades para minimizar os transtornos ocorridos. De acordo com as apurações preliminares, não há o registro de vítimas.

Ibram avalia suspensão temporária das operações de mineradoras em MG

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) informa que paralisações de operações de algumas mineradoras, em função das chuvas que atingem Minas Gerais são temporárias, uma precaução das companhias para minimizar riscos.

Esta suspensão temporária poderá ser revertida em breve, a depender da intensidade pluviométrica dos próximos dias. Se esta intensidade de chuvas perdurar por um curto período, o Ibram estima que não haverá reflexos na variação do preço dos minérios e na oferta.

O Ibram informa que as mineradoras associadas têm sempre agido com cautela quando ocorrem fenômenos naturais, como o excesso de chuvas que é observado no Estado de Minas Gerais.

Ainda segundo o Ibram, todas as estruturas que compõem as empresas – como barragens de rejeitos – estão sendo monitoradas 24h ao dia e a qualquer sinal de anormalidade as autoridades são imediatamente comunicadas e medidas de emergência, como alertas, são tomadas imediatamente.

Vítimas de Brumadinho alertam sobre os riscos

A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum) acompanha com apreensão os acontecimentos recentes em Minas Gerais e divulgou um comunicado que contém os seguintes alertas, reproduzidos integralmente abaixo:

"a. o risco de rompimento de barragens e o transbordamento de dique, que interrompeu movimento de rodovias, indicam o descaso das autoridades com fiscalização e monitoramento de barragens que colocam em risco a vida de milhares de pessoas;

b. o cenário aponta, ainda, o descaso das empresas privadas em adotar medidas concretas de responsabilidade socioambiental que possam preservar os trabalhadores e as comunidades próximas;

c. são necessárias políticas públicas para o setor minerador que, de fato, possam ouvir e atender as necessidades da sociedade e não apenas o poder econômico;

d. reitera, por fim, que continua a luta para que a justiça seja feita em relação às 272 vítimas que perderam a vida com o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, de responsabilidade da Vale e pelo Encontro de todas as Joias (6 vitimas ainda não encontradas);

e. no dia 25 de janeiro próximo, completam-se 3 anos da tragédia em Brumadinho. Para que a história não se repita, pela negligência ou descaso, chamamos atenção do poder político e orgãos de Justiça para adotar, em todo o País, urgente e efetiva fiscalização das barragens que ainda colocam em risco a vida de milhares de brasileiros.

Esperamos as devidas providências e continuaremos a lutar para que a nossa dor jamais se repita e que nenhuma família passe pelos q estamos passando."