Eletrificação 4.0 e garantir competitividade no setor de mineração
Por Rogério Bertoldo*
A indústria de mineração vive um momento de expansão de projetos, e boa parte deles tocados por empresas de menor porte. Dados do IBRAM – Mineração do Brasil mostram que os investimentos do setor previstos para o período 2022-2026 estão situados em US$ 40,4 bilhões, sendo US$ 18,7 bilhões em execução (46%) e US$ 21,7 bilhões (54%) programados. A maior parcela seguirá para projetos em Minas Gerais (27%), seguido por Pará (11%) e Bahia (15%).
Esse movimento de avanço de empresas de menor porte e diversos tipos de minério pode ser um marco para aumentar a competição em um mercado ainda concentrado em poucas companhias gigantes, beneficiando a economia brasileira com a geração de empregos e a elevação da mineração no país a novo patamar produtivo. Para isso, no entanto, os novos entrantes precisam investir em tecnologias capazes de elevar a produtividade e confiabilidade das operações, em especial no gerenciamento da infraestrutura elétrica.
Em um mercado em que a concorrência se dá via preços, a competitividade das empresas é determinada principalmente pela qualidade das jazidas e busca pela eficiência de seus processos, que resulte em custos de produção mais baixos. Nesse cenário, cresce a adoção de soluções de monitoramento e controle para operações mais automatizadas.
Bons exemplos são as correias transportadoras de longa distância, em substituição a caminhões, e os sistemas automatizados de monitoramento e controle nos processos de beneficiamento, que têm como base o uso intensivo de energia elétrica. Dessa forma, torna-se essencial investir em tecnologias que garantam uma melhor eficiência energética e a confiabilidade das operações – ainda mais diante do quadro que se desenha de maior pressão de custos da energia diante da guerra na Ucrânia.
É importante ressaltar que as empresas têm ao alcance soluções inteligentes de eletrificação em linha com a indústria 4.0, cujo uso deve ser potencializado com a expansão do 5G no Brasil, para uma maior produtividade, qualidade e disponibilidade.
São plataformas que permitem a digitalização de processos, tornando-os mais ágeis e reduzindo custos a partir do monitoramento 24 horas de informações sobre o sistema elétrico da indústria. Esses sistemas contribuem para uma melhor tomada de decisão, ao fornecer dados como o gasto de energia elétrica para produzir uma tonelada de minério de ferro de cada unidade produtiva. Com isso, é possível, por exemplo, obter uma métrica de comparação de eficiência entre as fábricas e promover as mudanças necessárias para a otimização de recursos.
Isso porque sensores interligados a uma nuvem com Inteligência Artificial (IA) dão uma visibilidade contínua e completa do status de máquinas e equipamentos, usando dados da planta para também prever as necessidades de manutenção. O sistema coleta rapidamente informações de diversos equipamentos da produção como motores, disjuntores, redutores, válvulas, chaves e sensores. Após a análise feita com IA, um diagnóstico online é apresentado em dashboards.
A construção de uma indústria de mineração mais competitiva passa, portanto, pelos investimentos na digitalização da infraestrutura elétrica de suas operações. Isso dará ao setor, principalmente aos novos entrantes de menor porte do mercado, a capacidade de enfrentar os ciclos de mercado, que por vezes impõem períodos prolongados de baixos preços dos minérios, nestes momentos mantendo somente o que realmente é necessário. Assim como momentos de aumento significativo da demanda ter a confiabilidade que o sistema exige, mitigando a possibilidade de paradas não planejadas, garantido assim sua produção ao máximo.
(*) Rogério Bertoldo, gerente do segmento de Mineração e Metais da ABB Eletrificação
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