Representatividade feminina aumenta, mas caminho para equidade na mineração é longo
Por Ana Sanches*
Importantes avanços, construídos nos últimos anos, vem consolidando um novo olhar para o setor mineral, com incentivo à participação feminina em diversos níveis das organizações e áreas de atuação. De acordo com o relatório da Women In Mining Brasil (WIM Brasil), movimento que objetiva ampliação e fortalecimento feminino na mineração, o número de contratações de mulheres subiu de 32%, em 2022, para 43% no ano passado. Ainda de acordo com a pesquisa, a força de trabalho de mulheres na indústria mineral correspondeu a 21% do total, em 2023, quatro pontos acima do resultado de 2022 (17%).
A mineração vem se preparando para receber mais mulheres
Esses indicativos de mudança resultam de uma série de medidas que estão sendo colocadas em prática pelo setor, como programas de desenvolvimento de carreira para mulheres na liderança, capacitações femininas em cargos de base, investimentos em infraestrutura nas operações e nos escritórios, além de políticas de acolhimento e códigos de conduta que coíbem práticas discriminatórias nas corporações.
Apesar deste cenário que evidencia melhorias, os desafios atuais são inúmeros, uma vez que estigmas sociais, culturais e históricos de que a mineração é “trabalho de homem” dificultam, até hoje, a participação das mulheres. É importante lembrar que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a população feminina corresponde a 51,5% dos brasileiros. Ao compararmos este número geral com o percentual de participação de mulheres na indústria mineral, vemos um longo caminho a ser percorrido.
Uma solução plural
A diversidade no mundo dos negócios é fundamental, porque garante a variedade de visões e vozes, o que coloca em evidência uma gama mais ampla de soluções criativas em vista de melhores resultados. Pesquisas recentes apontam vantagens das corporações que adotam práticas em prol da diversidade e da inclusão, com ganhos em inovação, colaboração, liderança, saúde mental e retenção de talentos, o que acaba resultando, consequentemente, em uma melhor performance operacional e financeira.
Em busca dessa excelência que a diversidade nos oferece, precisamos tornar o setor mineral cada vez mais atrativo para as gerações atuais e futuras de mulheres, aumentando também oportunidades de inclusão dos demais grupos minoritários. Os primeiros passos dessa jornada longa e resiliente foram dados e já mostram os primeiros frutos. Para o futuro dos negócios, precisamos ampliá-los e aperfeiçoá-los constantemente. Trata-se de um movimento e que certamente proporcionará grandes oportunidades.
(*) Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil e do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram)
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