Inventário de GEE da mineração traz análises relacionadas a 27 substâncias minerais

O segmento com maior emissão é o de rochas ornamentais com 0,148 tCO2e/t

Por Conexão Mineral 03/06/2024 - 20:54 hs
Foto: Ibram
Inventário de GEE da mineração traz análises relacionadas a 27 substâncias minerais
Inventário de emissões do setor mineral foi lançado dia 28/5 em Brasília

O Inventário de Emissões de GEE do Setor Mineral 2024 lançado pelo IBRAM no dia 28 de maio, em Brasília, apresenta informações referentes ao ano base 2022, coletadas junto a uma amostra composta por 42 indústrias associadas ao IBRAM e a entidades como ABAL (Associação Brasileira do Alumínio) e SINDIROCHAS (Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários) e Associação Brasileira do Carvão Mineral. Esta amostra representa 50% do ROM (sigla em inglês para run of mine ou minério lavrado) nacional. O estudo está focado em 27 bens minerais: Agalmatolito; Areia; Argila; Bauxita; Brita; Calcário; Carvão Mineral; Caulim; Chumbo; Cobre; Cobalto; Cromita; Espodumênio (Lítio); Estanho; Ferro; Fosfato; Gipsita; Magnesita; Manganês; Nióbio; Níquel; Ouro; Potássio; Prata; Rochas Ornamentais; Vanádio; Zinco.

O inventário considerou os Escopos 1, 2 e 3:

Escopo 1: Emissões diretas de GEE provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela mineradora. Exemplos: emissões da queima de combustível ou provenientes da transformação química ou física de algum material; mudança do uso do solo etc.; 

Escopo 2: Emissões indiretas provenientes da aquisição de energia elétrica que é consumida;

Escopo 3: Emissões indiretas de GEE relacionadas a operações da cadeia de valor. Exemplo: emissões do transporte de funcionários para atividades relacionadas aos negócios da organização.

Emissões por substância mineral

Considerando a intensidade de emissões dos Escopos 1+2 por tonelada de minério, o segmento com maior emissão é o de rochas ornamentais: 0,148 tCO2e/t; depois prata: 0,131; chumbo: 0,080; vanádio: 0,063; espodumênio (lítio): 0,048. O minério mais produzido (em toneladas) no Brasil, o minério de ferro, está em 17º neste ranking: 0,008 tCO2e/t.

As emissões da categoria 10 do Escopo 3 totalizaram 762,25 milhões de tCO2e, sendo o 1º colocado em emissões o segmento de cobalto: 8,46 tCO2e/t; depois bauxita: 2,66; carvão mineral: 2,55; chumbo: 1,36. O minério de ferro ocupa a 7ª posição: 1,27 tCO2e. Segundo o estudo, para total conhecimento do impacto da produção mineral, optou-se por quantificar o Escopo 3 pela primeira vez em um inventário setorial da mineração. Essas emissões indiretas têm sua consolidação realizada com base em emissões reportadas pelos participantes e por meio de estimativas de cálculo de mercado. 

Estudo identifica pontos de melhoria

Foram identificados pontos de melhoria para futuros inventários de emissões da indústria da mineração, entre os quais:

• Aumentar, gradativamente, o número de bens minerais incluídos no inventário para estimular o aumento da maturidade do tema entre as empresas e identificar o perfil de emissão de outras tipologias;

• Focar na expansão da contabilização de emissões para o Escopo 3, principalmente dos minerais críticos para a transição energética; 

• Refinar a contabilização das emissões fugitivas (liberações de GEE, geralmente não intencionais) de carvão, sobretudo as emissões de metano da exploração de minas profundas;

• Estimular a elaboração dos inventários setoriais por bem mineral pelas associações relacionadas aos mesmos, de maneira a ampliar a participação das instituições na metodologia e no refino de resultados. 

Oportunidades para descarbonizar setor da metalurgia

Foi também realizado um levantamento sobre oportunidades de descarbonização do principal elo da cadeia de valor da mineração e fonte importante das emissões de Escopo 3, a metalurgia. Exemplos:

• economia circular (principalmente o uso de sucata reciclada), identificada como a atividade mais disponível para a descarbonização industrial; 

• na sequência, alteração nos processos produtivos (como eletrificação de equipamentos e troca de combustíveis, ou alteração de rotas de produção) podem ser alvo de reduções significativas em médio prazo.

Outros estudos disponíveis no site do IBRAM: 

- Inventários de emissões de gases de efeito estufa referentes aos anos de 2008 e 2011: Projetos para contabilização das emissões de tipologias selecionadas de acordo com diretrizes, com a finalidade de obter o perfil de emissões do setor. O IBRAM esclarece que em razão de vários fatores, como mudanças de critérios ao longo dos anos e de número de empresas fornecedoras de dados sobre emissões, estes estudos anteriores não oferecem base comparativa para o inventário divulgado agora;

- Zero Carbon Mining (em produção): Projeto setorial focado na descarbonização da indústria mineradora no Brasil. Em parceria, IBRAM, o Governo Britânico no Brasil e o Mining Hub, lançam projetos para estruturar roadmap de descarbonização;

- Mineração Resiliente: Um Guia para a Mineração se Adaptar aos Impactos da Mudança Climática – IBRAM. Orientação e elaboração de estratégias que visam reduzir os riscos e explorar oportunidades resultantes das mudanças climáticas.