De 152 resíduos gerados em duas unidades da CBA, 38% têm viabilidade econômica
Outros 33,5% já têm uma destinação através da reutilização em outros processos e 28% deles serão estudados futuramente
Conciliar a agenda robusta de sustentabilidade à competitividade do negócio tomou novo impulso na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), com a transformação de resíduos derivados do processo industrial em matéria-prima de novos produtos. Desde 2018, a empresa vem trabalhando no desenvolvimento de alternativas para reaproveitamento desses materiais e o primeiro passo foi reunir em um inventário os resíduos que atendiam as condições necessárias para o projeto.
O levantamento apontou a existência de 152 resíduos gerados em duas unidades da companhia, dos quais 38% deles com viabilidade econômica. Outros 33,5% já têm uma destinação através da reutilização em outros processos e 28% deles serão estudados futuramente". “Ter aplicabilidade assegurada e buscar retorno financeiro são critérios importantes para viabilizar a circularidade de uma etapa importante da nossa cadeia de produção. Essa iniciativa está alinhada a nossa Estratégia ESG”, afirma o gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, Leandro Faria.
Hoje, os coprodutos já representam 33% do total de resíduos gerados somente na Fábrica de Alumínio, principal planta da companhia localizada na cidade de Alumínio, em São Paulo. Somente no ano passado, a receita com esses novos materiais aumentou mais de 27% em comparação a 2022, somando cerca de R$ 18 milhões.
“A gestão de resíduos passou por transformações importantes nos últimos tempos no Brasil e no mundo, dentro do conceito de economia circular, e as empresas estão otimizando o uso dos recursos naturais de maneira que os resíduos de um determinado processo produtivo sejam aproveitados como matéria-prima em outro processo”, observa Faria.
Para o desenvolvimento dos coprodutos, foi montada uma equipe com a participação de profissionais de diversas áreas da CBA (Meio Ambiente, Suprimentos, Engenharia e Tecnologia). O objetivo, entretanto, não se limita a buscar soluções que agreguem valor aos resíduos ao transformá-los em novos produtos, mas também na implementação de processos que permitam a reutilização interna dos resíduos, contribuindo para a redução de custos, consumos e promoção de impactos positivos ao meio ambiente.
Processo
Praticamente desde o início de suas atividades, há quase sete décadas, a CBA atua em toda a cadeia do alumínio, compreendendo a extração da bauxita nas áreas mineradas, depois a sua conversão em alumina e na sequência a sua transformação em alumínio líquido nas salas fornos.
Na etapa seguinte, a fundição, o metal é solidificado em diversos produtos, como lingotes, tarugos, bobinas casters e placas. A etapa posterior é a transformação dos produtos fundidos em chapas, folhas e extrudados. A Empresa também atua amplamente na reciclagem de sucatas industriais. Na última década, a CBA investiu para aumentar o conteúdo reciclado nos produtos visando a redução de custos e de emissões de gases de efeito estufa, conforme sua estratégia ESG.
É na etapa das salas fornos, a partir das cubas eletrolíticas, que são gerados alguns dos resíduos com potencial para serem transformados em novos produtos e que apresentam excelentes resultados. Entre eles, a lama de raspagem que vem sendo muito utilizada por empresas que atuam com reciclagem e reaproveitamento do alumínio solidificado e o sódio, como conta o gerente de meio ambiente da CBA, Marcus Vinícius Vaz Moreno. A geração desse coproduto chega, em média, a 4.800 t/ano.
Outro exemplo, é a sucata de anodo, um coproduto com poder calorífico, sendo utilizado como combustível para os fornos em metalurgia de ferro fundido.
Resultante do processo de lavagem de gases das salas fornos, a alumina secundária apresenta características que a tornam um resíduo com elevado potencial comercial. Moreno conta que o deságue e a elevada umidade do resíduo impedia o aproveitamento do material. A inovação da CBA foi desenvolver um sistema para armazená-lo até sua secagem. “A mistura da alumina secundária com finos de refratário derivou em um material que substitui a matéria-prima extraída na produção de cimento, com excelente performance e futuro aproveitamento”, afirma Moreno. Ele observa, ainda, que a aplicação desse produto na indústria cimenteira ainda está em estudo. A estimativa é de geração média de 7.000 t/ano pelo interesse do segmento por alternativas mais sustentáveis.
Parcerias
Todos os materiais possíveis de serem reciclados na CBA são encaminhados para empresas parceiras especializadas para transformá-los em alternativas para o mercado. Um exemplo é o carbonato de cálcio, resíduo gerado no processo de captação de água da barragem, na refinaria de alumina. “Mapeamos oportunidades em parceria com universidades e realizamos testes no segmento agrícola e, também testes industriais, pois o carbonato de cálcio pode ser usado tanto na construção civil, como na agricultura para a correção de acidez do solo”, explica Moreno, acrescentando que os estudos avançam para viabilizar sua utilização na indústria cimenteira, segmento que vem demandando soluções sustentáveis.
Por fim, o carbonato de cálcio também apresentou bons resultados no tratamento de água, permitindo que a mesma seja reaproveitada. “Com isso, o ciclo de circularidade do processo se completa ao evitar que se use mais de um recurso natural fundamental para o planeta, atendendo nossas diretrizes de sustentabilidade”, conclui Moreno.
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