BNDES promove evento no Rio de Janeiro sobre cadeias de valor de minerais estratégicos
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sediou, nos dias 10 e 11, no Rio de Janeiro, a conferência internacional “Cadeias de Valor de Minerais Estratégicos para Transição Energética e Descarbonização”. Promovido pelo Banco, o evento teve o objetivo de debater formas de impulsionamento do desenvolvimento da cadeia de minerais estratégicos, de forma a projetar o Brasil como importante fornecedor de materiais e componentes industriais de alto valor e baixo carbono.
Na cerimônia de abertura, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, disse que o Brasil tem algumas das principais reservas de minerais críticos do mundo, mas destacou que os recursos ainda precisam ser mais bem conhecidos. Para desenvolver esse potencial, o Banco tem lançado diferentes iniciativas, como o edital de R$ 5 bilhões em parceria com a Finep para fomentar planos de negócios que desenvolvam a cadeia de minerais estratégicos sustentáveis no país.
Em parceria com a Vale, o BNDES também criou um Fundo de Investimento em Participações (FIP) no setor de mineração, com financiamentos que variam entre R$ 100 milhões e R$ 250 milhões.
As iniciativas integram a estratégia do Banco de dar cada vez mais visibilidade e relevância ao setor industrial. Segundo Gordon, o apoio do BNDES à indústria cresceu 132% em 2024, em relação a 2022. A instituição também bateu recorde no apoio à inovação industrial, por meio do programa BNDES Mais Inovação.
“A ideia é atrair e antecipar investimentos – inclusive de fora do Brasil –, fazer com que os players possam trabalhar em conjunto e desenvolver a tecnologia aqui no Brasil, que será cada vez mais uma referência estratégica para a transição verde”, disse o diretor do BNDES.
Em participação por vídeo, o vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, Geraldo Alckmin, avaliou que a conferência é uma grande oportunidade para governo e setor produtivo debaterem desafios e oportunidades para o Brasil agregar valor à sua produção mineral e contribuir para a transição energética. “Por meio de parcerias como o edital do BNDES e Finep, vamos colocar nossa indústria extrativa em outro patamar”, avaliou.
Para o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera, os metais estratégicos são fundamentais para a produção de uma nova economia. “Hoje, estamos dando ao Brasil a oportunidade de conhecer suas reservas e preparar o futuro para não sermos só exportadores de minérios, mas também de produtos com valor agregado”, destacou.
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, ressaltou que os minerais críticos estão no centro dos debates da geopolítica global porque são imprescindíveis para a transição energética e para a soberania dos países. Nesse contexto, o Brasil tem 95% da reserva de nióbio do mundo, a segunda maior de grafite e níquel e a terceira maior de terras raras. Hoje, o setor mineral é responsável por cerca de 4% do PIB brasileiro e tem perspectiva de investimentos de US$ 68,4 bilhões entre 2025 e 2029. “O que nos falta é avançar em pesquisa para refino avançado e para produção de cadeias de valor”, disse.
Na avaliação do secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, a sociedade é a maior beneficiada com a consolidação de uma indústria forte, tecnologicamente densa, diversificada e exportadora. “O setor de minerais críticos não pode ser criminalizado”, defendeu. “É uma atividade produtiva que gera emprego e renda e coloca o Brasil em uma condição estratégica no mundo”.
Papel do setor privado
O setor privado precisa assumir um papel político de maior protagonismo na agenda da segurança climática. Essa foi a principal ideia defendida por Izabella Teixeira, membro do Conselho de Administração BNDES e ex-ministra do Meio Ambiente, na abertura do segundo dia da conferência.
“O papel político do setor privado no processo de transição com vistas à descarbonização é absolutamente estratégico”, sustentou. “Não fiquem reféns da impotência e do medo de uma tragédia. Vocês têm muito mais responsabilidade e mais possibilidade para provocar transformações do que está tangível hoje”, defendeu a ex-ministra a uma plateia de empresários, representantes da cadeia de mineração e membros do governo.
Para a ex-ministra, o setor de mineração tem um papel estratégico na economia contemporânea. Por um lado, pelo papel tecnológico e estruturante que esse segmento representa no país. Por outro, pela relevância dos materiais e minerais críticos no desenvolvimento de soluções para a descarbonização da economia.
Nesse contexto, ela apontou a necessidade de pensar em soluções integradas: “Não adianta fazer regulação de minerais estratégicos sem entender o impacto disso na agroindústria, nos fertilizantes, nas políticas de importação e em outras frentes. Esse olhar deve ser provocado pelo setor privado. Trabalhar as soluções de forma interconectada está na cabeça de quem faz os modelos de negócio”, afirmou.
Izabella Teixeira falou ainda sobre a necessidade de um “pacto interno” com atores econômicos e sociais para que o Brasil consiga implementar as metas anunciadas na COP29. “Precisamos de olhar pragmático para entender as realidades nacionais, os modelos de negócio do mundo, o custo do dinheiro e a necessidade de nova relação entre setor privado e Estado”, afirmou.
A cultura de paz também é um ativo importante que deve ser aproveitado pelo Brasil num momento em que a questão climática deve um protagonismo geopolítico cada vez maior, sustentou a ex-ministra, lembrando que o Brasil integra um grupo de 15 países que mantêm relação diplomática com todas as nações do mundo.
Eletrificação
Em painel sobre eletrificação e crescimento da demanda de materiais sustentáveis, o secretário nacional de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, mostrou que as cadeias de minerais críticos já são vistas como um dos novos pilares de segurança energética no Brasil e no mundo.
No Brasil, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que a necessidade de minerais estratégicos no setor elétrico deve crescer quase 60% até 2034, impulsionada por um aumento de 40% na demanda por energia elétrica nesse período. “Precisamos ter um olhar mais aprofundado para as relações entre energia e novas cadeias industriais, nesse cenário de transformação e crescimento da nossa matriz energética”, avaliou.
Presentes ao evento, representantes do setor automotivo apontaram caminhos para a descarbonização da indústria. Foi unânime a avaliação de que o país precisa de investimentos em infraestrutura para permitir um salto na circulação de veículos elétricos e movidos a hidrogênio. Outra demanda do setor diz respeito a políticas públicas que incentivem iniciativas de descarbonização e de renovação da frota.
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