Até 2030, Brasil será o 5º maior produtor de óleo do mundo e a maior parte sairá do Rio de Janeiro

As bacias de Campos e Santos receberão 13 novos FPSOs até 2028

Por Conexão Mineral 25/09/2024 - 19:56 hs
Foto: Vinicius Magalhães/Firjan
Até 2030, Brasil será o 5º maior produtor de óleo do mundo e a maior parte sairá do Rio de Janeiro
O ROG.e, realizado no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, ocorre de 23 a 26 de setembro

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) participou nesta segunda-feira (23/9) da abertura da ROG.e, principal feira de energias do país e que reúne no Porto Maravilha, zona portuária do Rio de Janeiro, as principais empresas dos mercados de óleo, gás e energias do Brasil e do planeta. À tarde, a Firjan apresentou levantamento inédito sobre as relações de compra e venda entre os grandes players do segmento e a cadeia de fornecedores, que nem sempre falam a mesma língua.

Com base nos resultados do Rede de Oportunidades (RdO) - Óleo, Gás e Naval na cadeia de fornecedores, programa implantado pela Firjan SENAI SESI em 2022, há uma necessidade de maior interação entre as empresas demandantes - tomadoras das decisões de contratação - e os fornecedores. Entre 2022 e 2023, o programa promoveu 10 edições, colocando frente a frente grandes empresas e fornecedores fluminenses. O programa confirmou que a relação comprador e fornecedor deve ser o mais transparente e fluida possível.

Porém, a análise constatou que, de um lado, os compradores indicam problemas envolvendo o prazo de entrega, a falta de certificações e a entrega de materiais. No lado oposto, fornecedores encontram dificuldades no acesso às equipes de suprimentos das empresas maiores, na identificação das certificações necessárias e no seu desenvolvimento e capacitação.

“De acordo com a EPE, até 2030 o país produzirá 5,4 MMpd, tornando o Brasil o 5º maior produtor de óleo do mundo. A maior parte desse óleo estará em águas fluminenses, nas bacias de Campos e Santos, que receberão 13 novos FPSOs até 2028. Ou seja, há um volume enorme de crescimento para fornecimento de produtos e serviços. A cadeia produtiva fluminense e brasileira não pode ficar de fora”, ressalta a gerente-geral de Petróleo, Gás, Energias e Indústria Marítima da Firjan, Karine Fragoso.

Diante deste cenário, a federação construiu um painel dinâmico de investimentos potenciais dedicados a esses mercados e oportunidades, totalizando um montante de US$ 182 bilhões de dólares em investimentos para além do horizonte de 2030.

O levantamento apresentado na RGO.e reúne os resultados coletados nas 10 primeiras edições do Rede de Oportunidades, com a participação de 10 grandes players e perto de mil potenciais fornecedores identificados, resultando em mais de 300 oportunidades de compras apontadas. O mapeamento constatou também que há mais de 10 mil itens de bens e serviços consumidos por este mercado, atrelados a três mil potenciais fornecedores, a maior parte concentrada no estado do Rio de Janeiro.

Os principais itens são fabricados pelas indústrias metalmecânica, química e de construção naval. Mas também há oportunidades, onde não foram encontrados fornecedores locais, para recolhimento de óleo produzido, consumíveis de solda e reparo de secadoras, entre outros serviços e produtos.

No período, conforme dados coletados em pesquisas de satisfação do programa, foram cadastradas mais de 600 empresas como potenciais novas fornecedoras. Também foram gerados mais de R$ 6,5 milhões em volume de negócios a partir do RdO. Ao longo das 10 primeiras edições ocorreu um aumento de 10% no faturamento das empresas participantes.

Ao fazer o cruzamento de informações do levantamento entre demanda de certificações e o atual panorama dos fornecedores, também foram identificados alguns gaps. Os dois principais são as ISOs 17.025 e 14.001, que dissertam sobre a competência de laboratórios de ensaio e calibração e sobre o sistema de gestão ambiental, respectivamente. “Não necessariamente todos os fornecedores necessitam de todas as certificações, dada a natureza dos bens e serviços demandados. Nesse sentido, a Firjan SENAI SESI está preparada para qualificar e capacitar cada vez mais as empresas fornecedoras, garantindo o acesso delas neste grande mercado”, afirma Karine.

Pequenas empresas

Em 2024, a Firjan se uniu ao Sebrae RJ para promover rodadas do RdO com uma maior participação de pequenos e médios fornecedores. Para esse segmento, em paralelo à feira, o Rede de Oportunidades promoveu sua 14ª edição, nesta terça e quarta-feira. No primeiro dia, estarão presentes a SBM, NOV, Porto do Açu e PRIO. Já no dia seguinte, participam Yinson, BW Energy e TAG.

Conforme a federação, mais de 450 novas oportunidades de negócios foram mapeadas junto as sete empresas-âncora, duas a mais do que a grande edição do Macaé Energy, em julho último. Da mesma forma, os fornecedores interessados alcançam cerca de 600 empresas inscritas nos dois dias, número quase 20% maior que o atingido para edição de Macaé. Em relação às demandas, o valor somente nessa edição já representa metade do atingido nas 10 primeiras edições do RdO.

Potencial de geração de 115 mil empregos diretos e indiretos

"Este primeiro dia nos impressionou pela presença maciça de agentes do mercado, incluindo representantes de 58 países, ministros e deputados, demonstrando uma sintonia entre os poderes que é muito importante para este mercado. A Firjan está presente contribuindo com estudos e apresentando as potencialidades de um estado que detém 80% da produção de petróleo do país”, disse o vice-presidente da Firjan, Raul Sanson.

Ele acompanhou a cerimônia de abertura da qual participaram o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, entre outras autoridades dos poderes Executivo e Legislativo federal, estadual e municipal.

Já a gerente-geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso, mediou a mesa “Novas tecnologias e descarbonização da cadeia do gás natural”, com a participação de representantes da EPE, Abiogás, Gerdau e Scania. Além disso, a federação apresentou os artigos técnicos “Descarbonização a partir da indústria brasileira: o diferencial competitivo da indústria nacional na pauta de descarbonização, pela ótica do fornecimento de bens e serviços para o mercado de O&G” e “Resultados do Programa Rede de Oportunidades: Óleo, Gás e Naval na cadeia de fornecedores”.

No Estande I13 do Armazém Principal, a Firjan apresentou  a empresários e visitantes estudos dos mercados de Petróleo, Gás e Energias, além de informações sobre os institutos Firjan SENAI SESI de Inovação e Tecnologia. A caravana da Firjan Norte Fluminense com 35 empresários de Campos e Macaé também esteve presente.

A federação estima um potencial de geração de 115 mil empregos diretos e indiretos no estado do Rio até 2030, fruto do aumento da produção de óleo e gás com a entrada em operação de novas unidades de produção de petróleo e investimentos no segmento de abastecimento, e da retomada da indústria naval fluminense, considerando o alcance ao pico histórico de contratação. Há ainda a possibilidade de geração de novos empregos com o desenvolvimento de projetos de novas energias e tecnologias, como hidrogênio, eólicas offshore e captura e armazenamento de carbono. Os números fazem parte de publicações e estudos como o Anuário do Petróleo no Rio 2024, do Panorama Naval no Rio de Transição e Integração Energética no Rio.